terça-feira, 22 de abril de 2008

Deus Conosco


Laercio Amorim


O imaginário religioso evangélico faz do céu a morada de Deus. A partir dessa imagem diz-se que essa morada é o “lugar” da Sua habitação.Esse “espaço” patrocinado pela Sua majestade e glória é também o lugar cobiçado pelos seus fiéis. Deus nessa perspectiva, vive longe, embrulhado pela apática sensação de isolamento esperando que seus fiéis se juntem a Ele (morram) para lhe fazer companhia.

Deus não está nos céus, longe, distanciado pela sua gloria. Deus é conosco, permeando todos os espaços possíveis e impossíveis da nossa percepção. Paulo[1], o Apóstolo, usando a poesia grega nos diz que Nele existimos e Nele nos movemos. Portanto, não vamos a Ele como quem o procura, nós ja estamos imersos Nele, todos nós. Leonardo Boff diz que a tradição cristã criou uma palavra para indicar essa presença - ausência – Panenteismo.[2] Não é o Panteísmo onde tudo é Deus e Deus é tudo indistintamente, não. É Panenteismo, Deus está em tudo e tudo está em Deus. Deus circula, circunda e abrange. Abraça.

Também a tradição cristã estimulou em nós uma outra imagem a respeito de Deus – a imagem paterna. Imagem que em um primeiro momento limita e obstrue a compreensão da esfera materna que Nele se encontra. Deus é tanto Pai quanto é mãe, e está entre nós. A maternidade está revelada na paternidade e a paternidade está revelada na maternidade.

Deus é.

Assim, as imagens servem como construções imaginarias da temporalidade e se assim forem percebidas podem inclusive redimensionar o horizonte de compreensão humano.

[1] Livro de Atos dos Apóstolos, capitulo 17.
[2] BOFF, Leonardo. Tempo de Transcendência. Rio de Janeiro. Sextante, 2000

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