sábado, 26 de abril de 2008

QUASE

Luis Fernado Verìssimo


Ainda pior que a convicção do não é a incerteza do talvez,
É a desilusão de um quase!
È o quase que me incomoda, Que me entristece, que me mata,
Trazendo tudo que poderia ter sido e não foi.

Quem quase ganhou ainda joga,
Quem quase passou ainda estuda,
quem quase amou não amou.

Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelo dedo
Nas chances que se perderam por medo,
Nas idéias que nunca saem do papel,

Por essa maldita mania de viver no outono
Pergunto -me as vezes,
O que nos leva a aescolher uma vida morna...

A resposta eu sei decor, Está estampada na distância, Na frieza dos sorrisos,
Na frouxidão dos abraços,
Na indecisão dos "bom dia" quase que sussurrados
Sobra covardia e falta coragem até para ser feliz.

A paixão queima,
O amor enlouquece,
O desejo trai,
Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor,
Mas não são!

Se a virtude estivesse mesmo no meio termo,
O mar não teria ondas,
Os dias seriam nublados e o arco iris em tons de cinza

O nada não ilumina,
Não inspira, não aflige e não acalma,
Apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si.

Preferir a derrota prévia à duvida de vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer
Para os erros não há perdão,
Para os fracassos, chance,
Para os amaores impossiveis, tempo,

De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma.
Um romance cujo fim é instantãneo ou indolor não é romance.

Não deixe que a saudade sufoque ou que a rotina acomode,
que o medo impeça de tentar,
Desconfie do destino e eacredite em voce!
Gaste mais horas realizando que sonhando,
Fazendo que planejando, vivendo que esperando,
Porque embora quem quase morre esteja vivo,
Quem quase vive já morreu

terça-feira, 22 de abril de 2008

Deus Conosco


Laercio Amorim


O imaginário religioso evangélico faz do céu a morada de Deus. A partir dessa imagem diz-se que essa morada é o “lugar” da Sua habitação.Esse “espaço” patrocinado pela Sua majestade e glória é também o lugar cobiçado pelos seus fiéis. Deus nessa perspectiva, vive longe, embrulhado pela apática sensação de isolamento esperando que seus fiéis se juntem a Ele (morram) para lhe fazer companhia.

Deus não está nos céus, longe, distanciado pela sua gloria. Deus é conosco, permeando todos os espaços possíveis e impossíveis da nossa percepção. Paulo[1], o Apóstolo, usando a poesia grega nos diz que Nele existimos e Nele nos movemos. Portanto, não vamos a Ele como quem o procura, nós ja estamos imersos Nele, todos nós. Leonardo Boff diz que a tradição cristã criou uma palavra para indicar essa presença - ausência – Panenteismo.[2] Não é o Panteísmo onde tudo é Deus e Deus é tudo indistintamente, não. É Panenteismo, Deus está em tudo e tudo está em Deus. Deus circula, circunda e abrange. Abraça.

Também a tradição cristã estimulou em nós uma outra imagem a respeito de Deus – a imagem paterna. Imagem que em um primeiro momento limita e obstrue a compreensão da esfera materna que Nele se encontra. Deus é tanto Pai quanto é mãe, e está entre nós. A maternidade está revelada na paternidade e a paternidade está revelada na maternidade.

Deus é.

Assim, as imagens servem como construções imaginarias da temporalidade e se assim forem percebidas podem inclusive redimensionar o horizonte de compreensão humano.

[1] Livro de Atos dos Apóstolos, capitulo 17.
[2] BOFF, Leonardo. Tempo de Transcendência. Rio de Janeiro. Sextante, 2000

Convite aos desenganados


Laercio Amorim


Desenganado é uma expressão popular usada sempre que uma pessoa está com uma doença e que após ter feito todo procedimento médico o resultado é desanimador. Não tem cura.

O paciente ou doente, nesse caso é des-enganado pelos médicos, ou seja, ele sabe a real condição de sua enfermidade, não vive mais alimentando-se de falsas esperanças. O quadro clínico é colocado a sua frente como ele relmente é, sem enganos.

A Religião se faz e se refaz na medida em que procura responder os anseios existenciais da busca humana pelo transcendente. É nesse contexto que ela vai evocar elementos que podem produzir enganos. Em um caso especifico, o universo evangélico é elemento desencadeador de varios desajustes e enganos.

Talvez voce esteja vivendo uma situação de des-encanto com a religião, que nesse momento é fonte, inclusive, de frustrações, de amarguras e contradições. Queremos não numa atitude messiânica e fundamentalista nos colocar como donos da verdade, indicando qual o caminho voce deveria tomar, não é isso. Queremos sim, estabelecer um convivio que seja capaz de elucidar caminhos e ajuda-lo a perceber os processos da vida, que nem sempre são risíveis. Enfim, queremos caminhar junto com voce na direção doce e amorosa do Pai.

Queremos ser uma comunidade terapêutica e acolhedora. Buscando ouvir as perguntas que estão sendo feitas na nossa sociedade, tentando responde-las de forma coerente e madura.